28 de dezembro de 2013

Uma Dose Por Vontade (Natal 2013)



Estrelas em um céu de natal, aquele galpão no Portinari, de idas e vindas, a volta de um ano passado, em um espaço curto de tempo, uma rua sem saída, represando sentimentos bons, nas imediações: barulho de pedras de dominó e sarro, sem o tilintar de taças. Meu tornozelo doendo de tanto chutar aquela bola, eu rindo sincero e contagiante, uma família além do sangue, dividindo os pratos na fila diante da churrasqueira, eu me pego num campo improvisado no asfalto, arrodeado de crianças e adolescentes, jovens, adultos infantis como eu gosto de ser, engenhosos em suas brincadeiras, suas travessuras inconsequentes. Uns correm fingindo ter medo de serem atingidos ao ascender o buscapé, outros voltam na fuga do estrondo da pólvora. Eis que veio o momento, ninguém o viu aparecendo por de trás do banco do carro, o esconderijo desembrulhado, e a garrafa da sorte, whisky com energético, servi minha dose e cedi para um garotinho insistente, sua mãe é minha amiga mas disso ela nunca vai saber. Num instante, uma curiosidade exterminada, um pequeno sonho realizado, o fim da sede. Não fiz para transgredir ou dar mal exemplo, nem como uma vingança a alguém ou por algo, foi conscientemente como o pagamento de um pedido que não me concederam, como se eu transferisse uma vontade antiga e a concedesse. Dali por diante fiquei de olho em seus passos... tudo por um sorriso de criança.

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