18 de setembro de 2013

Lição de Moral




Um líder entre três gaiatos usuários perfila uma trilha em busca de uma sombra. O próximo, lambe avidamente a seda e prepara com eficiência um cigarro de maconha. Felipedro, o mané do trio, não esperava mais seu pai o havia seguido. Não era um pai qualquer, tinha uma fama negativa: meses atrás, chegou mais cedo em casa e pegou a filha no quintal de casa com uma companhia inesperada. A reação foi intempestiva: arrastou a filha na chinelada pelo corredor adentro, enquanto o garanhão pulava o muro pra escapar. A adolescente chorou muito enquanto refletia suas atitudes.
Esse mesmo pai surgira agora entre os arbustos, assustando os três desavisados. Pela linguagem corporal, estava determinado. Se aproximou do filho, que tomou um tremendo susto. 
 - Não pai, eu posso explicar! - Disse Felipedro quase sem ar.
Seu pai encostou ainda mais e se sentou em um banco de praça na frente deles, estava sereno e concentrado.
- Deixa eu experimentar esse cigarro.
- Não pai, se tá louco? - Falou Felipedro, sem graça.
- Você não está fumando? Agora tudo que usar eu também farei.
Foi um golpe de mestre. O pai, num dia inspirado, dominou a emoção do filho com sua atitude fantasticamente inesperada. Felipedro foi sugado de cena, se tornou refém de um propósito, e por sorte, o certo. Sem discutir devolveu a droga aos companheiros e se retirou com o pai. Ele nunca mais voltou a falar com aqueles rapazes, passou a se sentir deslocado, nunca mais usou nada, não contraiu mais nenhum vício. Determinou-se atrás de um emprego e conseguiu vaga numa grande montadora em São Bernardo.
 De volta pra casa, o pai de Felipedro, depois de conquistar sua emoção, investiu na razão conversando entusiasmado de volta pela trilha, agora em busca da luz. Sabe-se que sua filha nunca se endireitou na vida, é promíscua, troca sempre de namorado. O passado, agora passa a alfinetar este pai.

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